Após primeiro ano de mandato como senador federal, o ex-governador mineiro falou sobre gestão pública e novos projetos - Foto: Geraldo Magela/Agência Minas/divulgação
A numerologia que cerca Aécio Neves (PSDB) em estatísticas que marcaram sua transição de governador de Minas Gerais a senador federal o colocam no ranking dos políticos mais influentes e bem avaliados do país. Em 2009, por exemplo, ainda à frente do Estado, foi eleito o líder mais popular entre os demais governadores brasileiros em pesquisa realizada pela DataFolha, com aprovação média de 7,5 para a população. Tais resultados, em oito anos de liderança, o transformaram no mais bem avaliado governador da história de Minas. Não parou por aí.
Em 2010 o neto do ex-presidente Tancredo Neves foi eleito para o Senado Federal com mais de 7,5 milhões de votos, o que lhe garantiu o primeiro lugar nas urnas. Em dezembro de 2011, mais números positivos: pesquisa realizada pelo Instituto DataTempo/CP2 o apontou como a liderança política mais admirada pelos eleitores de Belo Horizonte, citado no levantamento espontâneo, quando o entrevistado responde diretamente, sem sugestão de nomes, por 16,4% das pessoas.
Após primeiro ano de mandato como senador federal, o ex-governador mineiro falou sobre gestão pública e novos projetos - Foto: Geraldo Magela/Agência Minas/divulgação
Ao final do seu primeiro mandato como senador, Aécio Neves critica, nesta entrevista, a paralisia do Governo Federal, postura que ajuda a entender porque ele vem sendo chamado de “novo líder da oposição”. O político mineiro também fala sobre propostas que vem defendendo no Senado.
Governo Dilma Rousseff – “O primeiro ano é sempre o melhor para um governante realizar mudanças, sobretudo as mais difíceis, exatamente pelo respaldo dado pelas urnas e pela base política que o apoia. Infelizmente encerramos 2011, primeiro ano do governo da presidente Dilma, sem que qualquer projeto estruturante fosse apresentado. O Brasil aparece na 53ª posição no ranking mundial de competitividade. Na qualidade da infraestrutura, somos a 104ª economia. Até o início dos anos 80, o Brasil investia cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura. Nosso investimento caiu para 2%, parou. No entanto, a carga tributária na última década foi 5,6% do PIB, mais alta do que na década de 90”.
A gestão ideal – “Não há nenhum programa de governo que traga maiores avanços do que a correta administração dos recursos públicos. O PSDB aposta na gestão de qualidade, na meritocracia, no gerenciamento por resultados. Eu mostrei aqui em Minas Gerais como é possível governar com o Estado enxuto, estabelecendo e alcançando metas e melhorando a vida da população.
Saúde – “A Emenda 29 foi uma proposta inicial do PSDB, inclusive de um deputado mineiro, Carlos Mosconi, que vinha se arrastando há anos. Hoje os municípios investem 15% do que arrecadam na saúde. Os estados, 12%. Não há um piso para a União. Defendemos que o Governo Federal investisse 10% de tudo que arrecada no setor, mas os parlamentares do PT e seus aliados impediram isso e tiraram cerca de R$40 bilhões da saúde pública só em 2012. A verdade é que o governo petista vem se isentando de investir em áreas fundamentais, deixando essa responsabilidade para estados e municípios. O mais absurdo nisso é que foi a arrecadação de tributos do Governo Federal que aumentou”.
Educação – “Minas Gerais tem hoje educação fundamental e média considerada como uma das de melhor qualidade no país. Isso se deve a medidas certeiras e ousadas que tomamos nos últimos anos, como quando fomos o primeiro Estado a colocar os meninos com seis anos de idade na escola. Quando o PSDB ocupou a Presidência da República, conseguimos universalizar o acesso à educação no país. O próximo passo era avançar na qualidade, mas o Governo Federal vem sendo omisso em relação a isso.
Apresentei recentemente no Senado um projeto de lei que prevê que empresas empregadoras que investem na educação de seus funcionários possam deduzir o gasto comprovado do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. O objetivo é incentivar as empresas a custearem gastos com melhor formação e qualificação de seus profissionais.
O papel do PSDB – O país passa hoje por um novo momento, com novas necessidades, desafios que temos que enfrentar. O PSDB é o partido com a coragem para isso. Vamos debater educação e cidadania, políticas que promovam oportunidades de trabalho e de renda, que atuem sobre a dramática desigualdade que separa ricos e pobres. Não cogitamos fazer isso sozinhos. Há muitos setores da sociedade interessados em ajudar a pensar o Brasil do futuro.
Recentemente, lançamos o PSDB Sindical. Estou certo de que, juntos, conseguiremos propor aos brasileiros um projeto para o país das próximas décadas. Nesse sentido, nossa principal preocupação deve ser profissionalizar a gestão pública brasileira. Como disse, não há nenhuma medida de maior alcance social do que o bom uso do dinheiro público. Vamos enfrentar essas questões da segurança, da saúde, da educação de melhor qualidade, do saneamento básico, de mais investimentos em infraestrutura, porque essas são as questões primordiais para melhorarmos a qualidade de vida dos brasileiros. E só vamos conseguir isso após um choque de profissionalização no setor público.