Por Por Roseli Santaella Stella
Ainda que muito conhecido, é sempre oportuno lembrar personagens ilustres da Região das Vertentes, como o Frei José Mariano da Conceição Veloso. Nascido na Vila de São José, atual Tiradentes/MG, em 14 de outubro de 1742, Frei Veloso era filho de José Vellozo da Câmara e Rita de Jesus Xavier. Foi batizado “José Veloso Xavier”, na Igreja de Santo Antônio, dessa vila. Sua mãe era irmã de Antônia da Encarnação Xavier, mãe do alferes Tiradentes, portanto, seu primo. No atual Município de Tiradentes residem vários descendes do seu ramo familiar, naturalmente, orgulhosos pela ligação de consanguinidade com o notável filho da Terra.
Aos 19 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro e ingressou no convento franciscano de São Boaventura de Macacu, Itaboraí, professando na Ordem em 1762. Tornou-se sacerdote em 1766, retornando a Tiradentes para celebrar a sua primeira missa na Igreja de Santo Antônio. Naturalista por vocação recebeu incentivo dos vice-reis, Marquês do Lavradio e D. Luís de Vasconcelos, então apoiadores da comunidade científica que se formava na Colônia. Tinha início a sua carreira de botânico chefiando a partir de 1770, excursões para coleta e catalogação de exemplares da flora brasileira. A “Florae Fluminensis”, em 11 vol, é a obra mais importante do naturalista tiradentino, também autor de “Fazendeiro do Brasil”. Coube ao Frei Veloso enviar espécimes para o Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa. Criteriosamente acondicionadas e catalogadas, o trabalho rendeu-lhe grande reconhecimento. Em 1790, foi para Portugal e dirigiu a Tipografia do Reino. Em 1808 retornou ao Brasil com a Família Real.
Antes disso, em 1771 passou do Rio de Janeiro para São Paulo, onde foi instituído confessor e mestre de geometria, cargo que exerceu até 1779, época em que foi nomeado professor de retórica no Convento de São Paulo. Desde a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, várias Igrejas passaram para a administração franciscana. Em 1781, Frei Veloso foi incumbido de uma nobre missão em território paulista, cuja obra é ainda hoje de grande reconhecimento na História da arquitetura da cidade de São Paulo e do Brasil. Entretanto, desse feito trataremos na próxima oportunidade…
*Doutora em História pela USP